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É oficial, o inevitável começou a acontecer.
Primeiro começaram por deitar abaixo os elos mais fracos (contratados a termo certo).
Depois chama-se à direcção 3 dos mais antigos, que sem dizer nada de concreto, informa-se que não há perspectivas de trabalho e que é inevitável que a empresa até ao fim do mês encerre portas. Fala-se por alto que pretendem chegar a acordo e negociar os contratos.
(Mas que raio pretendem eles negociar com um colaborador de à mais de 20 anos,a não ser pagar-lhe os direitos e mais nada)
Depois começam a atrofiar com as férias que o pessoal ainda não gozou e que querendo encerrar a 31 /05 já não dá para serem gozadas e que terão que ser pagas.
(Não me lembro de terem esta preocupação com as férias quando havia muito trabalho e os colaboradores nunca se recusaram a prescindir do gozo de férias para mais tarde, para que a empresa cumprisse os prazos).
Devo ser eu que sou leiga nestas andanças, que tudo me parece hediondo, quando neste momento a direcção só se quer descartar dos colaboradores com o mínimo de despesa possível, os mesmos colaboradores que deram tudo para que a empresa não se afundasse à muito tempo.
A vida continua, apesar de todas as incertezas sobre o futuro.
E depois, há que ir desfrutando dos pequenos prazeres da vida. Para mim o meu maior escape é sem sombra de dúvida o desporto e o convívio associado.
Na 2ª feira fiz Boot camp, sem dúvida a minha modalidade preferida, que conjuga a corrida com exercícios ao ar livre.
Na 3ª feira (ontem), fiz uma aula de Pilates que me ajudou a relaxar.
E hoje não irei fazer desporto e sinto que precisava, ajuda-me a ficar bem disposta e cheia de energia. Ajuda-me a dormir melhor. Ajuda-me a acordar no dia seguinte com vontade de enfrentar mais um dia difícil, porque nunca sei o que vou encontrar no emprego.
Sinto-me à nora.
Exteriormente tento aparentar boa disposição, mas a verdade é que me sinto cheia de medo, nervosa, ansiosa, porque desde que comecei a trabalhar com 18 anos e já lá vão 25 anos, nunca soube o que era o desemprego. E agora pressinto que está prestes a acontecer.
Não fosse este País estar uma merda, e eu querer, precisar e gostar de trabalhar, talvez não estivesse tão preocupada.
Não me sai da cabeça várias constactações: Com 43 anos, sem formação superior,apesar de trabalhar à muitos anos em funções que normalmente são desempenhadas por pessoas licenciadas, e num país que não dá valor à experiência profissional, o que vou fazer? Será que consigo emprego a curto/médio prazo?
Com um filho prestes a poder entrar no ensino superior, será que vou conseguir suportar um custo destes?
Angústia, atrás de angústia por não saber dar respostas a tantas perguntas que me assaltam a todo o instante.
À minha volta, vou tomando conhecimento de homens com mais de 50 anos que desesperados, são obrigados a emigrar. Eu que passei pelo drama da separação familiar por causa da emigração, sinto que não conseguiria partir e deixar os meus. Eu senti na pele,o que a emigração faz aos laços familiares mais profundos, como o laço que une os filhos aos pais. A emigração consegue em alguns casos quebrar estes laços que deveriam ser sagrados e até hoje eu não consegui restaurar esses laços.
Vou tentar ser forte.
Vou tentar pensar que são coisas da minha cabeça e que tudo se vai resolver.
Detesto assuntos mal esclarecidos,só provoca ansiedade desnecessária.
Parece que nunca acabam, cumprem-se uns aparecem logo outros. Às vezes sinto-me cansada só de pensar em cumprir, ao invés de por uns tempos andar ao ritmo da maré.
Mas por outro lado a vida só assim faz sentido. Objectivo cumprido, um passo em frente e a vida segue o seu percurso e neste caminho quase de imediato aparece outro objectivo para cumprir. Começa-se por planear, e aos poucos damos passos para o conseguir cumprir.
Os meus objectivos são sempre coisas passíveis de serem cumpridas, porque depois existem aqueles outros objectivos a que lhes chamo sonhos.
Os sonhos normalmente não passam disso mesmo "sonhos".
Tenho andado ausente do blog e não era esta a minha vontade, porque criei-o para despejar aqui o que me vai na alma, seja bom ou seja mau.
Mas como ninguém é perfeito, um dos meus defeitos é quando estou mais em baixo ou triste, tenho tendência a isolar-me e este defeito infelizmente também passa para o blog. Afinal este blog é aquilo que sou, por isso nem poderia ser de outra maneira.
Falando em defeitos, outro defeito que tenho é interiorizar e dar demasiada importância ao que os outros me dizem.
Andei dias e noites a remoer sobre uma situação que me aconteceu.
Entrei num espaço comercial do qual sou cliente já à algum tempo e onde acabei por desenvolver um empatia simpática com uma das funcionárias, e ao invés de ela me receber com o seu sorriso habitual, olhou-me fixamente e entre hesitações pergunta-me se está tudo bem comigo.
Eu respondo-lhe com um sorriso que sim, ou melhor que pensava que sim, porque ninguém pode ter a certeza de que realmente está bem ao nível da saúde.
Ela diz-me que tem andado preocupada porque sonhou comigo e que no sonho eu padecia de uma doença muito grave.
Primeiro ri e disse-lhe que se sonhaste que eu estou doente é porque estou com uma saúde de ferro.
Ela contrapõe e diz que normalmente quando sonha algo, os sonhos costumam verificar-se na realidade e aí fiquei um pouco apreensiva.
Vim-me embora e aos poucos comecei a bater mal e comecei a pensar, e se ela tem razão, e se eu afinal estou doente, e se se trata de uma doença silenciosa, e,e,e,e..........
Pelo meio outras pessoas me dizem que ela tem um poder qualquer e que até já fez Reiki.
E continuo a sentir-me bem, e tenho tentado não pensar no assunto, mas que isto abalou o meu mundo , abalou.
E agora tenho evitado entrar na loja, antes que ela venha outra vez com a mesma história.
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